O Brasil está com fundamentos econômicos ruins. Isso é notório e a mídia tem apresentado dados e informações que atestam essa situação com regularidade. A dívida interna está em patamares extremamente altos. Isso exige um grande comprometimento de recursos para o pagamento dos juros junto aos tomadores. Comprometendo muito dinheiro no serviço da dívida, sobra menos para investimentos e gastos correntes. Os gastos correntes aumentaram substancialmente ao longo da última década, gerando também um passivo futuro na forma de aposentadorias. Logo, o que resta para alocação em investimentos é muito pouco. O governo brasileiro bateu recordes de arrecadação fiscal nos últimos anos com um misto de aumento de alíquotas aplicadas sobre o aumento do PIB. Agora que o PIB parou de crescer e não há mais espaço para aumentar aliquotas, restam duas ferramentas de gestão financeira ao governo federal: cortar investimentos e “pedalar” a dívida
A situação de estados e municípios não é muito melhor. Seguindo a cartilha federal, estados e municípios dançaram na música do aumento de impostos e arrecadação. Além disso, confiam nas transferências de recursos do governo federal para seus cofres, sem as quais as contas não fecham
Isso nos conduz a um cenário de crise econômica aguda, que será ainda mais dificil de contornar se as exportações não se recuperarem
Por outro lado, não há desemprego, o otimismo da população está em níveis razoáveis e as vendas de imóveis, automóveis e outros bens de consumo continuam em níveis muito altos.
Porque dois fenômenos tão contraditórios convivem no mesmo espaço e tempo? Não ouvi até agora uma explicação completa para isso mas, a princípio, o que temos é uma situação instável e provisória. Os investimentos privados estão sendo financiados com dinheiro barato do BNDES. Isso não é ruim, obviamente. Mas tem limites. Embora o BNDES receba, constitucionalmente, recursos adicionais do FAT todo ano (o que lhe permite historicamente “perder” dinheiro sem quebrar), não se pode emprestar indefinidamente para empreendimentos que demoram 10 anos para frutificar (como estaleiros e rodovias) sem prejudicar o caixa em algum momento. Por outro lado, o sistema bancário privado é um bicho medroso. Ao primeiro sinal de crise, ele corta o crédito ao consumidor (ou joga os juros lá em cima, ou ambas as coisas). A inadimplência vem aumentando constantemente há muitos meses. Chegará uma hora em que o financiamento de automóveis e outros bens duráveis se tornará muito caro.
Sobram os investimentos imobiliários, sobre os quais o governo tem grande ascendência e conseguirá manter as atuais condições favoráveis por bastante tempo. A Caixa é um banco estatal com pouca preocupação com rentabilidade e é utilizada historicamente como ferramenta de gestão pública. No passado, o governo brasileiro já quebrou o Banco do Brasil por excesso de empréstimos ruins e falcatruas junto ao setor agrícola. Esse problema foi contornado. Hoje a Caixa ainda é sacrificada no financiamento imobiliário
Por quanto tempo a economia brasileira continuará vivendo artificialmente na bolha atual é uma pergunta sem resposta. Como consultor, eu recomendo aos empresários de todos os segmentos da economia uma enorme cautela e grande preocupação com seu caixa. Mantenha-se líquido. Esta é a única recomendação que temos para dar neste momento.
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