Um dos elementos básicos do ESG, e também de conceitos próximos – como responsabilidade social, criação de valor compartilhado e capitalismo de stakeholders – é o de incluir um amplo conjunto externo e interno de partes interessadas na estratégia e gestão da empresa, de modo a que o valor gerado seja distribuído de forma mais equânime por todos.
Não há como se discutir o valor ético desta proposta. Entretanto, quando se faz o exercício de identificação de stakeholder, costuma-se chegar a uma lista longa. Por exemplo:
Acionistas Investidores Colaboradores
Fornecedores Consumidores ou Clientes Comunidade local
Terceirizados Lideranças Locais Sindicatos
Associações Reguladores Comunidade Estendida
Governos ONGs Parceiros de negócios
Imprensa Influenciadores Facilitadores
Talvez uma corporação de grande porte, e já com processos de gestão compartilhada implantados há muitos anos, possa almejar atender a tantos stakeholders simultaneamente. A maioria das empresas não tem essa possibilidade. E tentar fazer um pouquinho para todos significa não atender às expectativas de ninguém, além de se despender um tempo gerencial enorme nesse processo
A solução mais inteligente é criar uma régua de prioridades, algo como uma curva ABC de stakeholders. Obviamente alguns são essenciais para qualquer empresa, como colaboradores, fornecedores diretos, clientes e acionistas. Esses precisam ser atendidos imediatamente. Diversas corporações, particularmente as industriais, conferem um alto grau de prioridade à comunidade local, também
ESG depende bastante da natureza do negócio. Uma mineradora está inserida em um contexto diferente de um varejista digital. A percepção de impactos sobre a sociedade e o meio ambiente depende da imagem que as pessoas têm sobre cada atividade empresarial. Levar em conta essas percepções, e integrá-las com a visão e o conhecimento interno que se tem sobre o próprio negócio permite criar a regra de prioridades de stakeholders
A régua de prioridades se expande de ano para ano, ou de ciclo de implantação de processos ESG para outro ciclo. Em algum momento do tempo, no futuro, toda a gama de stakeholders estará sendo atendida.
A Prosperidade tem observado que um dos problemas na implantação de ESG é a perda de foco. Ela ocorre quando a estratégia ESG não está integrada na estratégia corporativa e as regras de governança ainda não incorporam a filosofia ESG corretamente. A falta de direcionamento libera o corpo profissional para dar início ou prosseguimento a um grande número de pequenas iniciativas em todas as áreas, em especial meio ambiente e social. A profusão de iniciativas vem associada à metodologias diferentes, novos KPIs (não necessariamente integráveis ao modelo de gestão), disputa por recursos e disputa por atenção gerencial do C-level. Tudo isso enquanto se tenta manter o negócio da empresa saudável e próspero, o que por si só já é um enorme desafio.
O resultado de uma implantação ESG dispersa é uma carga adicional de responsabilidades sobre os colaboradores, que já estão sobrecarregados, além de ansiedade no C-level e frustração nos stakeholders
Fabio Nogueira é economista pela FEA-USP, com MBA pela Hult Institute, Boston / EUA. É Vice-Presidente da ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, fundador do Observatório da Longevidade, Sócio-Diretor da Prosperidade Consultoria e diretor do Instituto Brasileiro de Líderes
A Prosperidade Consultoria é uma empresa fundada em 1994. Com amplo histórico de projetos em estratégia corporativa, internacionalização de negócios, modernização gerencial e processos de transformação empresarial, a Prosperidade vem se consolidando como consultoria de excelência em temáticas emergentes, dentre as quais ESG e inovação