Durante décadas vigorou no Brasil a noção de que o mercado potencial interno era tão vasto que não havia qualquer necessidade das empresas nacionais se esforçarem para exportar. Tudo era usado como argumento contra o esforço exportador: custo para se desenhar embalagens novas, lotes mínimos solicitados pelos importadores, suporte de marketing, esforço para compreender outros hábitos de consumo, adaptação dos produtos a outras legislações e até a necessidade de se falar fluentemente outros idiomas, em especial o inglês. Essa visão insular não mais resiste à realidade
Nos últimos 30 anos nós vivemos numa gangorra, alternando períodos de larga prosperidade por outros de forte crise. No capitalismo existe um ciclo estrutural de mais ou menos 25 a 30 anos de prosperidade que finda em uma crise qualquer, que provoca a reestruturação dos mercados e das finanças e dá origem a um novo longo ciclo de expansão. No Brasil a gente vive ciclos expansionistas de não mais do 5 a 7 anos
Tanta instabilidade traz um fardo pesado para as empresas. Além de precisarem conviver com burocracia exacerbada, impostos altíssimos, baixa qualidade de mão de obra, infraestrutura deteriorada e modificações constantes nas regulamentações, as empresas precisam também sobreviver a esses fortes altos e baixos econômicos. Isso as motivou a desenvolver uma técnica de gestão para a sobrevivência, onde o caixa e a liquidez são o foco principal, e não o negócio. Consequências: (1) pouca atenção à inovação, já que ela consome tempo para ser desenvolvida e arrisca não dar certo (2) baixo investimento na produção. Para que agregar capacidade instalada se daqui a alguns anos ela ficará ociosa? (3) ou, se for realmente necessário agregar capacidade, o produto precisará oferecer uma margem de lucro muito alta já o investimento tem de se pagar em pouco tempo. Resultado: produtos muito caros. (4) market-share é importante mas margem é mais ainda. Isso leva a esforços de organização de mercado (um eufemismo para cartelização), sempre que possível. (5) o planejamento estratégico se reduziu a adivinhar quando a próxima crise chegará e a se preparar para ela.
Isso tudo traz à discussão a questão da exportação. Está mais do que claro que exportar é uma necessidade vital para a empresa reduzir o risco associado ao mercado interno. Mercados maduros tem demandas mais estáveis, com dinâmicas previsíveis. Alocar uma parcela significativa dos negócios no exterior ajuda a minimizar os solavancos impostos pela economia brasileira vive e equilibrar a empresa.
O exemplo da Itália é eloquente. As exportações representam 24,4% do PIB. No Brasil esse índice é exatamente a metade: 12,5%. A Italia exporta produtos e serviços de engenharia, tecidos, calçados, roupas, automóveis, máquinas de produção, produtos químicos, alimentos processados, azeite, vinho, turismo e serviços diversos, incluindo design
Comparado com outros países desenvolvidos, a Itália tem um número relativamente pequeno de grandes multinacionais. Entretanto, uma parte substancial das suas exportações provém de empresas de médio e pequeno porte, notadamente as familiares. Como não há condições de se competir diretamente com as economias emergentes da Asia em função da escala de produção, a Italia especializou suas exportações em mercados de nicho, produtos de alta qualidade, valor agregado e/ou de luxo.
O Brasil, que tem uma economia praticamente do mesmo tamanho da italiana e também se estrutura fortemente sobre empresas de médio porte, pode perseguir a mesma trilha. Não dá pra mais pra emular o modelo asiático. Esse bonde já perdemos. Também não dá pra emular a economia de inovação dos norte-americanos. O capital necessário para isso é gigantesco. Mas há um espaço intermediário hoje ocupado por economias de porte semelhante à nossa, como a espanhola, a francesa e a italiana. É onde podemos nos posicionar e tirar proveito de algo que sempre menosprezamos: a marca Brasil. O Brasil é associado, no imaginário popular do planeta, à alegria, emoção, improviso, originalidade, juventude, agitação, liberdade, ousadia, calor, capacidade de resolver problemas de última hora, otimismo incorrigível. Todos esses atributos podem ser explorados por empresas de todos os portes. Há uma grande quantidade de produtos e serviços que o país tem plenas condições de exportar suportado pelo brand Brasil. Brasil é uma marca apreciada e ela é muito mal explorada. Exportar não é mais opção, é necessidade que precisa fazer parte da agenda de todo empresário e CEO.
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