Bairrismo conta nos negócios? A pergunta pode parecer sem sentido mas a resposta é ainda mais surpreendente: conta, sim !!!
Este é um problema menos afeito ao empresário e mais ao investidor. Empresários não se preocupam muito com fronteiras. Eles se adaptam, ajustam suas empresas à cultura e linguajar locais, procuram respeitar as diferenças e as coisas caminham.
Mas do ponto de vista do investidor de risco, as coisas tem outras cores. Há três elementos que afetam a decisão do investidor em apoiar ou não uma empresa de médio porte – tipicamente familiar – em regiões outras que não onde o fundo esteja sediado
Uma dessas razões é geográfica. O sujeito sentado em sua poltrona em São Paulo se pergunta como ele fará para estar presente semanalmente no escritório do investido para poder acompanhar melhor seu investimento. O sujeito se preocupa com tempo de deslocamento, problemas com aeroportos congestionados, ter de ficar 2 dias fora (o Brasil é um país muito grande) para trabalhar efetivamente um dia, etc. Pode parecer uma preocupação simplória mas se o investidor paulista tem, digamos, 3 empresas investidas, uma em Porto Alegre, outra em Salvador e outra em Manaus, haverá grande dificuldade logística em monitorar de perto a gestão dos negócio (tudo bem, dá pra fazer usando recursos digitais, mas não é a mesma coisa)
A segunda razão é a desconfiança que o investidor tem das técnicas de gestão do investido. Daí a necessidade de acompanhar os negócios de perto. E daí as dúvidas em se colocar dinheiro em negócios longe de casa. Qualquer pessoa com um pouco de experiência de vida sabe que pilotar empresas remotamente, com base em relatórios gerenciais, embute um risco apreciável de problemas importantes surgirem apenas quando eles já se tornaram críticos e de difícil solução.
A última razão é de ordem puramente cultural. Investidores paulistas estão habituados ao “jeito de pensar” do empresário paulista, que é diferente do empresário mineiro, do carioca, do paranaense, do pernambucano… O mesmo vale para investidores de outros lugares. Estar a vontade com padrões culturais e comportamentais permite antecipar reações e construir confiança. Quanto mais distante alguém está da zona de conforto, maior a necessidade de estar presente fisicamente na empresa investida e aí voltamos ao ponto 1.
Não se está aqui a criticar o comportamento de investidores da região A ou B. Estamos apenas destacando que fatores como os apresentados existem na vida real, impactam as decisões de investimento e atrapalham a vida de empresas que estão distantes dos centros financeiros do pais, por melhores que sejam suas perspectivas de crescimento.
Existem soluções para isso? Claro. O surgimento e expansão de fundos de investimento espalhados por todo o país, principalmente no sul e no nordeste, é uma resposta a esse problema. Investidores que abrem escritórios regionais para identificar, observar e cuidar de perto de potenciais negócios é outra resposta
O futuro da economia brasileira repousa nos capitais de risco privados, por mais que existam dificuldades de curto prazo na realização do potencial econômico do Brasil. Sair dos grandes centros e apostar nas fronteiras econômicas é uma decisão de bom senso.
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