Em que pesem as inúmeras políticas e medidas desenvolvimentistas adotadas pelos governos federais nos últimos 40 anos, o Brasil ainda tem boa parte de sua geração de riqueza concentrada nas regiões sul e sudeste. São Paulo, Rio, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina respondem por 71% do PIB. As empresas tendem a considerar primeiro estes estados na hora de decidir por investimentos, tirando proveito da infra-estrutura, da mão de obra e dos mercados já constituídos.
Para superar esse problema, alguns dos demais estados tem se esforçado para implantar políticas desenvolvimentistas. O centro-oeste tem calcado seu crescimento econômico na extensiva e altamente eficiente agricultura de exportação, que hoje já se expande para o sul do Maranhão, Piauí, Pará e Rondônia.
O restante da região norte continua patinando em torno a alguns esforços isolados de se explorar recursos naturais (principalmente mineração e madeira) e turismo. É a maior região geográfica do Brasil mas com população escassa, um problema ecológico gigantesco e reservas indígenas do tamanho da França.
A região Nordeste é um mundo por si só. Além da variedade cultural e de etnias, o nordeste é geograficamente enorme (sua área é equivalente a 4,5 vezes a Alemanha), população igual à da Italia (perto de 55 milhões de pessoas) e um PIB per capital que é menos da metade do PIB per capita do Brasil como um todo. Um universo de desafios e oportunidades.
Cada um dos 9 estados ou municípios da região busca implantar algum s dos clássicos modelos de desenvolvimento econômico à disposição. Um alternativa é tentar se transformar em centro de serviços, entreposto comercial ou centro bancário. Esse foi o modelo de Hong Kong e é o modelo que o Uruguai procura implantar. Campina Grande segue nessa linha através do centro tecnológico criado em torno da Universidade. Salvador vem explorando turismo e já hospeda diversos call centers. Muitas outras cidades focam bastante no turismo e nas atividades correlatas (como gastronomia, música e artes em geral). Pernambuco se qualifica hoje como centro logístico fundamental para o Nordeste, papel esse que deverá ganhar relevância ainda maior quando a Ferrovia Transnordestina estiver concluída.
Outra opção é implantar polos industriais. A industrialização exige um volume de investimento e esforço gerencial substancialmente maior na medida em que não depende apenas de mão de obra qualificada. É preciso existirem condições de infra-estrutura, disponibilidade de energia, serviços diversos e toda uma cadeia de abastecimento e/ou escoamento da planta. Por outro lado, a capacidade de alavancagem econômica que a industrialização traz é muitas vezes superior à da atividade pura de serviços. O polo petroquímico de Camaçari está na raiz do crescimento econômico substancial que a Bahia vivenciou até a década de 90. A partir desse exemplo bem sucedido, a Bahia implantou outros 15 distritos industriais espalhados por todo o território. O estado do Ceará criou um polo calçadista no extremo sul do estado, na região do Cariri (onde a principal cidade é Juazeiro do Norte) que estimulou enormemente a economia. Pernambuco já conta com 2 polos industrias consolidados: o têxtil, no agreste, e o de Suape, em torno do porto. Agora vem patrocinando a criação de um polo automobilístico (na verdade, um polo metal-mecânico) no município de Goiana, que se estrutura em torno da Fiat.
É tão notável o impacto da industrialização sobre a economia que quando se olham indicadores de PIB per capita (não confundir com renda per capita), surgem no radar cidades que normalmente não se presta muita atenção. As tabelas abaixo foram compiladas com dados do Banco Central e do IBGE para o ano de 2009. Elas identificam os 10 municípios com maior produção per capita no nordeste. Para facilitar a análise, cada tabela refere-se a um estado específico.
Observe-se que o PIB per capital do Brasil, no mesmo ano, foi de R$ 16.918, e o da região nordeste era de R$ 8.167