por Fabio Nogueira | dez 10, 2021 | Blog
Por volta de 1910, os passageiros que desembarcavam na Estação da Luz, em São Paulo, podiam se servir de tílburis de aluguel tracionados por cavalos, que ficavam estacionados defronte à estação ferroviária. Em 1911, aproveitando o surgimento dos automóveis, Frederico Zanardi criou a Companhia Nacional de Auto-Transporte e obteve licença para estacionar seus veículos no local, em concorrência com os cocheiros. Obviamente os “chauffers” da empresa não foram bem recebidos.
Na noite de 24 de agosto de 1911, o cocheiro Antonio de Luca começou um bate-boca com um funcionário da companhia chamado Francisco da Cunha. No meio da discussão, Luca puxou um revólver e disparou contra o peito de Francisco, que foi internado na Santa Casa de Misericórdia e sobreviveu.
Há cem anos os cocheiros brigavam com os taxistas que lhes faziam concorrência mas os congressistas, em sessão no Rio de Janeiro, tinham coisas mais importantes para pensar. O país impunha a lei da vacinação obrigatória, em esforço concentrado para melhorar a saúde pública. O Rio de Janeiro passava por um intenso período de reurbanização, com eliminação de cortiços e implantação de largas avenidas, gerando grande revolta popular. As despesas públicas estavam crescendo rapidamente e já representavam 10% do PIB, criando apreensão quanto ao futuro do país. E a taxa de criminalidade atingiu níveis preocupantes: dos 2.833 condenados, 90% haviam cometido assassinato. Dessa forma, os Congressistas não viram grandes problemas na nova economia e preferiram deixar os próprios passageiros decidirem, em todo o país, pelo serviço de transporte que quisessem.
O início do século 20 assistiu a uma revolução provocada pelo surgimento de novas tecnologias: aviação, automóveis, eletricidade, o cinema, linha de produção, eletrodomésticos (como aspirador de pó e torradeira de pão), ar condicionado e o rádio. O início do século 21 assiste a uma revolução semelhante, batizada de “Nova Economia”, que também se expressa sob inúmeras formas e afeta todos os aspectos da vida: economia de compartilhamento (Uber, Airbnb), sustentabilidade, moedas virtuais e a desintermediação financeira (bitcoin, Litecoin, Peercoin e outras), a desassociação entre a remuneração, o emprego e o trabalho (salário garantido), locação de ativos ao invés de aquisição de ativos (com enorme desapego em relação à propriedade), o escambo de mercadorias ao invés de compra e venda, economia circular, energia verde, financiamento fragmentado e pouco estruturado (crowd funding), auto-emprego (terceirização completa de mão de obra) e por ai vai.
O ano de 2021 é bem diferente do ano de 1911. Como todos nós sabemos, o país não tem mais problemas de saneamento básico, saúde pública, moradia, crescimento econômico, endividamento público e criminalidade. Com todos esses problemas fundamentais já resolvidos, os parlamentares de hoje podem se dedicar à tarefa de atrapalhar o máximo que podem a Nova Economia, com sua carga infindável de regras, regulamentos, leis, ordenamentos, impostos e tudo mais. Obviamente, a vida econômica continuará evoluindo e muitas das profissões e empresas atuais desaparecerão e novas surgirão, do mesmo modo que cocheiros, parteiras e acendedores de lampião se tornaram desnecessários cem anos atrás. É inevitável. Então porque motivo custosos parlamentares e sindicatos se empenham tanto em eliminar as empresas da nova economia, como o Uber?
Porque a Nova Economia cria um imenso desafio sobre as estruturas de poder estabelecidas. Para que sindicatos são necessários se as pessoas se auto-empregam, gozam de salário garantido ou prestam serviços através de ativos compartilhados? Não haverá mais tanta disputa entre capital e trabalho a ser intermediada pelos sindicatos. A indústria automobilística tradicional desaparecerá já que as pessoas, em um futuro próximo, entrarão na concessionária para alugar carros por um ano e não mais compra-los. Isso reduzirá muito o consumo de novos automóveis e o recolhimento fiscal a ele associado. As relações trabalhistas mudarão completamente, reduzindo a necessidade da dispendiosa justiça trabalhista, com seu séquito de advogados e contadores. Cidades auto-suficientes, operando em mercados de trocas ou economia circular, estarão menos sujeitas ao poder central, reduzindo a capacidade da burocracia brasiliense de tributar ou regulamentar o que um cidadão compra no mercado da esquina. As economias dependerão bem menos dos grandes bancos comerciais e suas imorais taxas de juros (notoriamente no caso brasileiro)
O esforço feito nos anos recentes em “regulamentar” o Uber e o Airbnb (palavra da moda para descrever o esforço em forçar o novo a se igualar ao anacrônico e ineficiente modelo que está sendo substituído) não irá mudar o futuro mas certamente atrasará o país. Os custos de hospedagem e transporte providos pelas novas empresas já aumentaram, e bastante, em comparação ao que eram no início. Relfexo da nossa miopia pública. O Brasil precisa urgentemente mudar duas mentalidades: a da sociedade em geral, amplamente refratária à novidades, riscos e oceanos azuis; e a do governo e funcionários públicos, amplamente favoráveis a manter seus próprios poderes e privilégios
O Brasil não impedirá a emergência da Nova Economia. A questão é saber se o Brasil permitirá que a Nova Economia nos traga para o século 21 ou se chegaremos à revolução do início do século 22 vivendo como o eterno país de terceiro mundo que baba por tudo o que acontece no exterior. E, obviamente, com nossos felizes, ricos e tradicionais parlamentares declarando na midia que essas novidades são “boas mais num serve pra nóis que é pobre e precisa gerar emprego po povo”.
Crédito: a história sobre o conflito entre cocheiros e motoristas de taxi foi extraida do blog São Paulo Passado, de Edison Loureiro (https://saopaulopassado.wordpress.com/2017/04/08/ha-cem-anos-os-taxistas-brigavam-com-os-cocheiros/)
A Prosperidade Consultoria é uma empresa fundada em 1994. Com amplo histórico de projetos em estratégia corporativa, internacionalização de negócios, modernização gerencial e processos de transformação empresarial, a Prosperidade vem se consolidando como consultoria de excelência em temáticas emergentes, dentre as quais inclusão, diversidade e mercados micro-segmentados
por Fabio Nogueira | mar 19, 2021 | Blog
Consultoria tem sido a minha vida há mais de 40 anos. Já prestei serviços no Brasil, alguns países da América Latina, EUA e África. Tive a oportunidade de atender dezenas de clientes europeus e asiáticos. Fui funcionário de multinacional, mantenho meu próprio escritório há 28 anos e hoje estamos fortemente orientados a ajudar as empresas a implantar políticas ESG.
Empresas chamam consultores por diversas razões: opinião independente, resolver problemas excessivamente complexos, investigar o estado da arte, selecionar a melhor solução técnica, desenhar programas de mudança cultural, reestruturar a empresa, etc. Essas necessidades sempre existiram e continuarão a existir. Então porque as grandes consultorias tem sido criticadas?
Há anos eu percebo que toda consultoria aplica apenas a solução que ela tem (a chamada “metodologia”) e muitas vezes o problema do cliente não é resolvido. Consultorias despendem muito tempo e energia desenvolvendo novas metodologias a partir do que elas entendem sejam as necessidades futuras do mercado. Qual mercado? o eixo norte: Europa – EUA. Os mesmos métodos são utilizados nos demais mercados na suposição que sejam igualmente adequados. Em minha opinião, não são.
Aspectos como o background cultural de cada país, suas relações sociais, os hábitos e costumes, a estrutura de poder na empresa ou até mesmo a forma como cada problema se manifesta muda substancialmente de um lugar para outro. No início dos anos 90 eu fiz um mestrado internacional em Boston. Minha classe tinha 66 pessoas vindas de 25 países. O método era case discussion. Era impressionante as visões completamente diferentes que cada aluno tinha do mesmo problema. Lembro de um caso onde para mim o problema era de processo. Um americano entendia que era uma falha nas regras de governança. Um nigeriano dizia que “obviamente” era falta de informação. E os orientais afirmavam convictamente que faltava um chefe que ditasse o que tinha de ser feito. Traga isso para a vida real e uma consultoria estaria tentando resolver o tal problema usando a mesma metodologia no mundo todo, independentemente de como a sociedade local o avalia.
A América Latina tem traços culturais próprios. Somos sociedades tolerantes com a mentira o que faz com que desconfiemos das promessas. O latino não acredita no poder público e nem na justiça fazendo com as relações pessoais de confiança se sobreponham ao currículo profissional. A indisciplina e o desrespeito generalizado às regras são uma constante em nossa cultura, fazendo com que o improviso e as soluções paliativas se tornem parte do dia a dia. Brasileiros são interpretativos ao invés de literais. As regras não são aceitas da forma como estão escritas e sim entendidas de acordo com o código próprio de cada pessoa. Esse é o contexto que explica porque as metodologias consultivas estrangeiras, criadas para outro ambiente cultural e empresarial, tem sucesso limitado no nosso mundo corporativo
Temos uma filosofia de trabalho que respeita bastante a sociologia, a psicologia e a cultura brasileira. O foco das nossas atividades é o ser humano. O componente técnico obviamente não é desprezado mas há o reconhecimento de que competência técnica é mais fácil de se obter do que a capacidade de se gerenciar um universo humano cada vez mais multifacetado, díspar e específico de cada empresa. Um aspecto a se ressaltar é a interessante percepção de que não se ensina gestão a líderes. Você os municia com boa e abundante informação, provê network de alto nível e cria a oportunidade dele expandir a rede de relacionamentos relevante para si e sua empresa. O restante o líder faz sozinho.
Em suma, ao invés do consultor provedor de soluções gerenciais, temos as pessoas no centro dos holofotes e o consultor provendo condições para que elas resolvam seus próprios problemas, com um aporte apenas suplementar de recomendações e soluções técnicas.
A se julgar pelos resultados e grau de satisfação dos nossos clientes, estamos no caminho certo.
A Prosperidade Consultoria é uma empresa fundada em 1994. Com amplo histórico de projetos em estratégia corporativa, internacionalização de negócios, modernização gerencial e processos de transformação empresarial, a Prosperidade vem se consolidando como consultoria de excelência em temáticas emergentes, dentre as quais inclusão, diversidade e mercados micro-segmentados
por Fabio Nogueira | mar 10, 2021 | Blog
Bairrismo conta nos negócios? A pergunta pode parecer sem sentido mas a resposta é ainda mais surpreendente: conta, sim !!!
Este é um problema menos afeito ao empresário e mais ao investidor. Empresários não se preocupam muito com fronteiras. Eles se adaptam, ajustam suas empresas à cultura e linguajar locais, procuram respeitar as diferenças e as coisas caminham.
Mas do ponto de vista do investidor de risco, as coisas tem outras cores. Há três elementos que afetam a decisão do investidor em apoiar ou não uma empresa de médio porte – tipicamente familiar – em regiões outras que não onde o fundo esteja sediado
Uma dessas razões é geográfica. O sujeito sentado em sua poltrona em São Paulo se pergunta como ele fará para estar presente semanalmente no escritório do investido para poder acompanhar melhor seu investimento. O sujeito se preocupa com tempo de deslocamento, problemas com aeroportos congestionados, ter de ficar 2 dias fora (o Brasil é um país muito grande) para trabalhar efetivamente um dia, etc. Pode parecer uma preocupação simplória mas se o investidor paulista tem, digamos, 3 empresas investidas, uma em Porto Alegre, outra em Salvador e outra em Manaus, haverá grande dificuldade logística em monitorar de perto a gestão dos negócio (tudo bem, dá pra fazer usando recursos digitais, mas não é a mesma coisa)
A segunda razão é a desconfiança que o investidor tem das técnicas de gestão do investido. Daí a necessidade de acompanhar os negócios de perto. E daí as dúvidas em se colocar dinheiro em negócios longe de casa. Qualquer pessoa com um pouco de experiência de vida sabe que pilotar empresas remotamente, com base em relatórios gerenciais, embute um risco apreciável de problemas importantes surgirem apenas quando eles já se tornaram críticos e de difícil solução.
A última razão é de ordem puramente cultural. Investidores paulistas estão habituados ao “jeito de pensar” do empresário paulista, que é diferente do empresário mineiro, do carioca, do paranaense, do pernambucano… O mesmo vale para investidores de outros lugares. Estar a vontade com padrões culturais e comportamentais permite antecipar reações e construir confiança. Quanto mais distante alguém está da zona de conforto, maior a necessidade de estar presente fisicamente na empresa investida e aí voltamos ao ponto 1.
Não se está aqui a criticar o comportamento de investidores da região A ou B. Estamos apenas destacando que fatores como os apresentados existem na vida real, impactam as decisões de investimento e atrapalham a vida de empresas que estão distantes dos centros financeiros do pais, por melhores que sejam suas perspectivas de crescimento.
Existem soluções para isso? Claro. O surgimento e expansão de fundos de investimento espalhados por todo o país, principalmente no sul e no nordeste, é uma resposta a esse problema. Investidores que abrem escritórios regionais para identificar, observar e cuidar de perto de potenciais negócios é outra resposta
O futuro da economia brasileira repousa nos capitais de risco privados, por mais que existam dificuldades de curto prazo na realização do potencial econômico do Brasil. Sair dos grandes centros e apostar nas fronteiras econômicas é uma decisão de bom senso.
A Prosperidade Consultoria é uma empresa fundada em 1994. Com amplo histórico de projetos em estratégia corporativa, internacionalização de negócios, modernização gerencial e processos de transformação empresarial, a Prosperidade vem se consolidando como consultoria de excelência em temáticas emergentes, dentre as quais inclusão, diversidade e mercados micro-segmentados
por Fabio Nogueira | abr 20, 2020 | Blog, Destaques
Sintese da entrevista que Joe Coughlin, diretor do MIT Age Lab, deu ao jornal USA Today. Em seu livro The Longevity Economy, ele descreve como as empresas podem se preparar para atender a um enorme mercado: o do mundo envelhecido.
Por que tantas empresas estão despreparadas para um mundo que envelhece rapidamente?
As empresas acham que entendem o mercado da terceira idade mas essa “compreensão” é incompleta. A narrativa prevalecente enxerga a “velhice” como uma pessoa cansada, de pouca capacidade produtiva. Prevalece a ideia de que os mais velhos são meros consumidores, nunca produtores.
Assim, as empresas fabricam produtos projetados para cidadãos passivos. Enquanto isso, os idosos querem cada vez mais continuar como participantes ativos da vida social, produtiva e consumidora. Essa vontade, combinada com a riqueza e o tamanho da crescente população idosa, tem poder de transformar setores inteiros da economia à medida em que as empresas vão descobrindo como atender aos desejos dos adultos mais velhos de participar, criar, construir e influenciar o mundo ao seu redor.
Você afirma que não tem lógica a visão atual de que ocorre uma mudança repentina na vida da pessoa quando ela entra na terceira idade. Por quê?
Considere uma faixa etária qualquer e generaliza para todos os indivíduos dessa desta faixa um punhado de atributos específicos. Seria um exercício ridículo. E, no entanto, fazemos exatamente isso com a terceira idade. O universo de “adultos mais velhos” inclui pessoas de todas as etnias, religiões, sexualidades, saúde, orientações políticas, etc.
Mesmo convivendo diariamente com pessoas mais velhas que são como nós, a maioria das pessoas continua estereotipando os mais velhos. “Ser velho” não é um atributo que defina alguém.
O que poderá mudar essa visão estereotipada da velhice?
A atual geração de adultos mais velhos está começando a exigir um novo significado para esta fase da vida, que se prolonga cada vez mais. É impossível predizer o que os adultos de meia idade atuais acharão significativo quando chegarem na terceira idade, daqui a algumas décadas.
Provavelmente será uma variedade tão grande de coisas que não será possível fazer uma descrição simples. O que certamente teremos será uma quantidade e variedade cada vez maior de produtos e serviços projetados especificamente para a cada vez mais expressiva terceira idade.
Como você enxerga os americanos (ricos e instruídos) colhendo os ganhos de longevidade?
Nos EUA, ao contrário do resto do mundo, tem havido uma reversão na tendência de se aumentar continuamente a expectativa de vida. A taxa de mortalidade aumentou entre pessoas economicamente desfavorecidas com níveis de educação relativamente baixos. Adultos desses grupos sociais tendem a olhar com pouca esperança para o futuro. Há muitos casos das assim chamadas “mortes de desespero”, resultado de suicídio, álcool e drogas.
Mas qual é a fonte do desespero? Dependendo de quem você pergunta, varia desde razões econômicas até o colapso das instituições sociais ou danos irreversíveis ao meio ambiente. Eu adicionaria outro item à lista: muitas pessoas na meia idade acham que seu futuro não será feliz ou confortável. Então, respondendo a sua pergunta, nosso desafio será garantir que o novo leque de oportunidades na terceira idade seja equitativa para pessoas em todos os níveis de renda, educação e raça.
Quem serão os agentes da mudança no mundo de pessoas cada vez mais velhas? As mulheres?
As mulheres provavelmente serão as líderes na identificação de novos desejos e necessidades no grupo social de mais idade. E é possível que também venham delas as respostas às demandas de novos produtos. Não só as mulheres normalmente vivem mais do que os homens, mas são mais propensas a tomarem as decisões sobre o consumo da casa. As mulheres já tomam ou influenciam diretamente as decisões de compra nas principais categorias de consumo hoje.
Além disso, elas são mais cuidadoras do que os homens. Pesquisas do MIT AgeLab sugerem que as mulheres entram na velhice com uma percepção mais clara e detalhada do que vem pela frente. O fato de terem sido sempre a principal compradora e cuidadora da família lhes dá uma vantagem única em compreender quais produtos, serviços e experiências são melhores para atender as exigências da velhice.
Infelizmente, as mulheres mais velhas são quase sempre ignoradas pelas comunidades de investimento e tecnologia. O resultado é que são pequenas as possibilidades delas se tornarem empreendedoras e criarem os serviços e produtos de interesse da sua faixa etária que elas tão bem são capazes de identificar.
A noção de que os homens jovens são a cara da inovação prejudica empreendedores e empreendedoras mais velhos. Quando os jovens tentam inovar para o mercado senior, eles se focam em poucas e óbvias coisas: lembretes para tomar remédio, detectores de queda, sistemas de apoio à emergências.
São tecnologias uteis e nobres mas evidenciam que os jovens estão presos à ideia superada de que os idosos são apenas um problema médico. Na realidade, os adultos mais velhos geram um espectro de demandas que os empreendedores jovens não são capazes de compreender. Mas as mulheres mais velhas, são. O capital de risco inteligente apostará nelas.
Qual o legado dos Baby Boomers?
Os Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964, portanto pessoas com mais de 54 anos) são a geração mais barulhenta da história. Atualmente, uma pessoa faz 65 anos a cada sete ou oito segundos. Eles vivem desde que nasceram em um mercado que atende a todas as suas necessidades e caprichos e não esperam que isso mude.
Isso significa uma enorme demanda potencial por produtos que os encante por algumas décadas a frente, e não apenas por uns poucos anos. O novo gap geracional será de expectativas: espera-se não apenas viver mais, mas para viver melhor.
Este elevado nível de expectativa, combinado com o poder político e econômico dos Boomers, vem mudando a visão prevalecente da vida na terceira idade. Talvez os Boomers estejam lançando as bases de um mundo sem idade, onde a velhice seja um estágio em que a regra não seja se retirar, mas se engajar.
A Prosperidade Consultoria é uma empresa fundada em 1994. Com amplo histórico de projetos em estratégia corporativa, internacionalização de negócios, modernização gerencial e processos de transformação empresarial, a Prosperidade vem se consolidando como consultoria de excelência em temáticas emergentes, dentre as quais inclusão, diversidade e mercados micro-segmentados
por Fabio Nogueira | jan 27, 2020 | Blog
Consultoria para dezoito empresas diferentes em apenas seis dias em Ihéus, Bahia. Inúmeros turnos de trabalho coletivo consecutivos, acrescidos de dois encontros individuais de quarto horas com cada uma das empresas. Agenda viável, mas extenuante.
O programa visava implantar um PQF – Programa de Qualificação de Fornecedores, patrocinado por grandes empresas para desenvolver a cadeia produtiva Os beneficiados foram micro, pequenas e médias empresas, em nove tipos de indústrias, de pequenos empreendimentos familiares à organizações em vias de profissionalização e em vários graus de maturidade corporativa.
Programas deste tipo podem incluir os mais variados aspectos gerenciais mas, neste caso específico, o foco era a Gestão da Inovação. Nos encontros coletivos, percebemos uma clara demanda pela discussão da criatividade como principal insumo da inovação organizacional. A Prosperidade esforçou-se para transmitir aos empresários a gratificação que pode ser experimentada com o ato de criar, que está na raiz da tenacidade dos empreendedores deste país, mesmo sob condições político-econômicas sempre muito adversas.
Quando se organiza programas deste tipo, a consultoria espera que:
- O empresário ou seu “braço direito” tenha tempo muito limitado para participar do encontro coletivo ou atender a consultoria na sua empresa
- Pouco tenha sido feito entre um encontro e outro
- A responsabilidade pela maior parte dos problemas da empresa recaia sobre seu proprietário
- Existam barreiras a mudança e,
- Surja uma tensão (bastante natural) entre o encantamento pela “teoria” e as dificuldades previstas para colocá-la em prática
Tudo isso aconteceu em grau menor do que o esperado mas o que nos surpreendeu foi observar como um simples e rápido estímulo foi capaz de mobilizar os empresários para agir, gerando resultados imediatos ou perspectivas de resultados a curto prazo. Alguns desses resultados foram:
- Diversas empresas constaram a necessidade de discutir a preparação da sucessão familiar ou a profissionalização da gestão;
- Um grupo empresarial conseguiu equacionar os entraves que impediam a implantação de um projeto de inovação importante
- Um proprietário particularmente avesso a serviços de consultoria tomou a iniciativa de solicitar uma avaliação do seu empreendimento
- Várias empresas relataram projetos relacionados a inovações de processo e organizacionais que não avançavam pela falta de suporte de profissionais experientes e receio de que eventuais erros cometidos pudessem cobrar um preço alto demais;
Como desdobramento natural, recebemos solicitações para colaborar individualmente com várias das empresas envolvidas no programa, em temas não relacionados com o PQF
A Prosperidade Consultoria é uma empresa fundada em 1994. Com amplo histórico de projetos em estratégia corporativa, internacionalização de negócios, modernização gerencial e processos de transformação empresarial, a Prosperidade vem se consolidando como consultoria de excelência em temáticas emergentes, dentre as quais inclusão, diversidade e mercados micro-segmentados
por Fabio Nogueira | fev 26, 2019 | Blog
Nos últimos anos tem sido um discurso comum afirmar que existe um volume de capitais de risco enorme disponíveis no Brasil mas faltam bons tomadores. Ao conversar com investidores, sejam eles grandes fundos internacionais, sejam fundos brasileiros de menor porte, o que se ouve é que eles, por natureza, focam em empresas médias com bom potencial de crescimento, são bombardeados com pilhas de business plans mas os negócios que lhes são apresentados não são bons.
Ora, a economia brasileira é enorme e, apesar de todas as vicissitudes, nunca deixaram de surgir novas e prósperas empresas. Então como é possivel que não existam bons negócios para os fundos de investimento?
Existem. É que a história não é tão simples assim. Vamos deixar de lado o trivial, aquilo que todo mundo já sabe: muitas empresas não estão organizadas o suficiente para a entrada de um fundo; há problemas com ativos e negócios da empresa misturados com ativos e negócios da familia; podem existir problemas fiscais; podem existir atividades informais; e por ai vai
Mas o que realmente atrapalha a aproximação de fundos e empresas não são as questões mencionadas acima. A meu ver há três outros empecilhos que impedem que a maior parte dos negócios aconteça.
O primeiro empecilho diz respeito ao próprio mercado. O objetivo de um fundo de investimento é ganhar dinheiro com a valorização da empresa. A empresa só valoriza se as curvas de crescimento e lucratividade após a entrada do fundo forem substancialmente maiores e mais acentuadas do que antes. Ou seja, não basta continuar crescendo como vinha, é preciso crescer mais rápido. Se isso não acontecer, o empreendimento não gera valor suficiente para remunerar o novo acionista e ele passará a ser apenas uma pedra enorme no sapato do fundador. Crescer muito rapidamente assusta. Os riscos se multiplicam. Os altos e baixos da economia brasileira atrapalham. A burocracia atrapalha. A gestão se torna mais complexa. Os gestores provavelmente foram trocados com a entrada do fundo, saindo membros da familia e assumindo profissionais de mercado. Portanto, as regras e as convivências internas ainda estão se reacomodando. Tudo isso assusta bastante o empresário de médio porte negociando com um fundo
O segundo empecilho é o conjunto de regras de governança que o fundo impõe. Empresas familiares poucas vezes dependem de estruturas abrangentes de planejamento, tomadas de decisão e controle. Ao contrário, a flexibilidade e capacidade de reação rápida são elementos importantes na sua solidez empresarial. Um fundo sempre irá exigir um conjunto de controles muito maior (não apenas financeiros como também contábeis e operacionais), relatórios mensais, resultados trimestrais, indicadores de performance detalhados e compartilhamento de todo tipo de informação relevante nas reuniões do conselho. Ao mesmo tempo, o empresário é solicitado a fazer sua empresa crescer cada vez mais rápido e com parte de sua equipe renovada. Empresários que venderam parte de sua empresa para fundos se queixam de que eles passaram a viver para o sócio e não tem mais a empresa na mão, tendo dificuldades para cumprir as metas com que se comprometeram. Ouvir este tipo de relato de pares estimula muitos empresários a desistir de uma possivel negociação com fundos.
O terceiro problema não diz respeito à entrada do fundo e sim à sua saída. Em mercados maduros, a saida tradicional de um fundo que investe em empresas de médio porte é a bolsa de valores. A abertura de capital não apenas dá liquidez para as ações do fundo como também para as ações da familia fundadora. No Brasil esse mecanismo não funciona. Por mais que se fale de bolsa de valores, não há mais do que 600 empresas de capital aberto no país e apenas em condições muito particulares é possivel que uma empresa de médio porte consiga abrir seu capital. Então a saída habitual dos fundos que operam no Brasil é vender sua participação para outro fundo. O resumo da ópera é que o empresário fundador passa a ter de conviver por muitos anos com sócios financeiros que se sucedem e que quase sempre impedem formalmente que ele venda sua parte majoritária no negócio sem o consentimento do fundo. Ou seja, o que era para ser uma solução se torna um problema. Por isso que muitos empresários hoje preferem vender a totalidade do seu negócio (ou o controle, com cláusula de venda do remanescente das ações após determinado período de tempo contanto que certos níveis de resultado sejam atingidos) do que assumir um sócio minoritário e continuar mandando na empresa apenas de forma aparente
Tudo somado, não é que negócios bons não existam…. é que muitos empresários bons se desinteressam em ter fundos investidores como sócios à vista dos 3 fatores descritos. Preferem continuar com seu crescimento orgânico, financiado apenas com a geração de caixa ou alguma linha de crédito privilegiado do BNDES, dentro da zona de conforto e sem maiores pressões de sócios investidores.
A Prosperidade Consultoria é uma empresa fundada em 1994. Com amplo histórico de projetos em estratégia corporativa, internacionalização de negócios, modernização gerencial e processos de transformação empresarial, a Prosperidade vem se consolidando como consultoria de excelência em temáticas emergentes, dentre as quais inclusão, diversidade e mercados micro-segmentados